No início do século XIX, quando a população mundial se aproximava dos mil milhões, o britânico Malthus previa que os recursos agrícolas, crescendo em forma de progressão aritmética, não poderiam acompanhar a subida da população humana, que tendia para crescer em forma de progressão geométrica. Desta afirmação, que parecia na altura indesmentível, foram tiradas posteriormente diversas consequências de ordem filosófica e política, todas pessimistas e nalguns casos mesmo perversas do ponto de vista humanista.
No entanto no final de século XX a população mundial atingiu os 6 mil milhões de pessoas e, se existem bolsas localizadas de fome no mundo, não são consequência da falta de capacidade global de produção de alimentos, mas sim de constrangimentos económicos de natureza local. Basta recordar que a União Europeia vem desincentivando, através de reformas sucessivas da denominada Política Agrícola Comum, a produção de bens agrícolas no espaço europeu e que nos EUA existem extensas áreas agrícolas de reserva que só são utilizadas em casos excepcionais.
A causa do falhanço das previsões de Malthus foi a intervenção da Química na produção agrícola, que permitiu aumentar a produtividade numa escala que não seria possível de outro modo.
Esta intervenção pode ser vista de forma clara e decisiva no ciclo do Azoto, átomo essencial a algumas moléculas que integram a matéria orgânica. As plantas, tirando algumas excepções, não têm a capacidade de absorver este átomo do manancial que as cerca (atmosfera, com 80% de Azoto), e isto contrariamente a outro átomo essencial, o Carbono, que é absorvido sob a forma de CO2 graças à função clorofilina. Assim a única maneira “natural” de fechar o ciclo do Azoto é através da decomposição de material orgânico proveniente de seres animais ou vegetais mortos, ou das excreções de seres vivos, e esta forma de reposição é naturalmente limitada.
A fixação do Azoto atmosférico no solo só foi possível, em termos economicamente viáveis, a partir dos trabalhos dos químicos alemães Haber e Bosch, que, no inicio do século XX, conseguiram realizar à escala industrial a síntese de um composto reactivo, a Amoníaco, a partir da molécula muito pouco reactiva do Azoto atmosférico e de outro elemento abundante, o Hidrogénio. Curiosamente o incentivo que levou a esta inovação essencial não foi inicialmente a produção de adubos, mas sim a produção de nitratos para fins militares (explosivos) a serem utilizados na 1ª Guerra Mundial.
O Amoníaco, molécula com cerca de 82% em peso de Azoto, pode ser absorvido pelas plantas através de solo, embora por questões de facilidade de aplicação se prefira utilizar como adubos azotados substâncias sólidas facilmente produzidas a partir do Amoníaco, como a Ureia e o Nitrato de Amónio. A produção mundial de Amoníaco atinge hoje cerca de 150 milhões de toneladas por ano, na sua quase totalidade destinada à produção de adubos industriais.
A percentagem da população mundial cuja alimentação depende do uso de adubos industriais está hoje calculada em cerca de 48%.
Podemos assim dizer que a Química assegura nos dias de hoje a alimentação de cerca de 3 mil milhões de pessoas.
Podemos ainda concluir que a chamada “agricultura biológica” que defende a exclusão dos adubos de síntese, pode funcionar como um nicho de mercado em sociedades de abundância, mas não é seguramente alternativa para a alimentar a Humanidade.
Infelizmente, apenas agora é que descobri este maravilhoso blog. Irei certamente fazer "propaganda" na minha escola ;)
ResponderEliminarPor mais que a agriculura biologica não seja seguramente alternativa para alimentar a Humanidade... devemos primar por uma agriculuta cada vez mais sustentavel, de formas à conservamos/preservarmos o ambiente e consequentimente prolongar a vida na terra.
ResponderEliminarObg pela ajuda ^-^
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