Isaac Newton descobriu, em 1666, que a luz solar (luz branca) é constituída por uma gama de radiações que vão do vermelho ao violeta, cada uma provocando no cérebro uma sensação de cor diferente. Chama-se luz visível ao conjunto (chamado espectro) de radiações de comprimentos de onda entre os 400 e os 720 nm[1], em relação às quais os olhos da maioria das pessoas são sensíveis.
A cor de uma substância não é uma característica intrínseca, mas sim o resultado da interacção da luz visível com essa substância. Por isso, num lugar muito escuro, a cor como que se eclipsa. Ou seja, quando a luz (que é energia) incide sobre uma substância, uma parte das radiações é por ela absorvida, pelo que, na luz que é reflectida, essas cores já não estarão presentes.
A luz que os nossos olhos vêem passa então a ter a predominância das cores que não foram absorvidas. São as complementares que, na roda das cores, aparecem diametralmente opostas. Por exemplo, se vemos a cor laranja, foi a luz azul que foi absorvida. No caso mais vulgar, a luz incidente é a luz solar (luz branca), que é uma mistura de todos os comprimentos de onda da luz na região do visível.
Olhemos para uns espinafres: eles são verdes porque possuem quantidades apreciáveis de um tipo de moléculas que absorvem apenas uma parte da radiação do espectro visível – o vermelho – e, portanto, reflectem o comprimento de onda complementar - o verde. Do mesmo modo, vemos os morangos vermelhos porque possuem uma quantidade razoável de moléculas que absorvem na região verde/azul do espectro. Daí que a radiação reflectida seja a vermelha. Estamos a falar de morangos maduros, é claro.
Pensemos então na bonita cor amarela alaranjada da gema de um ovo. À luz do que foi dito, ela é amarela (ou é vista por nós como amarela), porque, quando a luz visível incide sobre ela, são absorvidas as radiações da gama do azul e a cor complementar do azul é o amarelo/laranja. E podemos ir ainda um pouco mais longe e adiantar que o que confere a cor amarela à gema de ovo são, essencialmente, umas moléculas que entram na sua constituição (carotenóides) e que têm uma estrutura que as faz absorver essa parte da luz.
[1] nm é uma unidade usada para medição de comprimentos de onda de luz visível, radiação ultravioleta e radiação infravermelha, entre outras coisas. 1nm = 0,000000001m.
Adaptado de "A Cozinha é um Laboratório"
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