quarta-feira, 30 de março de 2011

Nada se perde, nada se cria - tudo se transforma...

Lavoisier foi um cientista do século XVIII, nascido em 1743, em Paris[1], que usou a sua cozinha como laboratório e se interessou e investigou muitas coisas e, também, a preparação de sopas[2]… Como resultado de muitos dos seus trabalho ele concluiu que “na natureza nada se perde e nada se cria, tudo se transforma”. Nem matéria, nem energia. Esta conclusão, que ainda hoje é aceite como verdadeira, tirou-a das suas investigações, mas nada é tão verdade para tudo nesta vida, a começar por nós próprios. Nascemos da junção de “materiais” provenientes dos nossos Pais e vamos crescendo à custa do que vamos conseguindo das nossas Mães, quando ainda estamos nas suas barrigas. E durante toda a nossa vida vamos ingerindo alimentos que vamos transformando, através da digestão, no que nos faz mais falta, rejeitando aquilo que não nos interessa. Por fim, acabamos a nossa vida regressando à terra e “oferecendo” os materiais que nos restam aos outros seres que nela habitam. É assim o ciclo da Vida.
Se pensarmos neste assunto parece-nos, algumas vezes, que esta verdade falha. Por exemplo, quando pomos ao lume uma panela com água, se nos distraímos um bom bocado, quando voltamos à cozinha, na panela já não há quase nada; perdeu-se! Mas também é verdade que a cozinha há-de estar bem mais húmida. E se a quantidade de água era muito grande, vai encontrar a sua pequena cozinha envolta num quase nevoeiro e até pode sentir os óculos a embaciar-se. Ou seja, a água líquida não se perdeu – transformou-se, passando a gás. Transformou-se em vapor de água – e lá foi ele para o ar, para a Liberdade. Só há uma solução: encher de novo a panela e voltar a pô-la ao lume, ficando de alerta ao que lá se irá passar.
Outro exemplo: o que se passou com um pedaço de carne que pusemos a assar, que era tão grande e ficou tão pequeno e encolhido? Resposta: o mesmo – transformou-se. Com o calor houve alteração das suas moléculas, elas começaram a ligar-se entre si e, se exagerarmos no calor e no tempo de assadura, essas ligações acabam por ser tão fores, que a água que existia na carne é expulsa e ela fica um pouco seca. Mas terá um bom molho, no mínimo e um bom cheirinho! Este também é devido a uma transformação: é que há várias moléculas que, à superfície da carne e com o calor forte, se transformam noutras, que lhe dão o forte sabor e aroma. Já se cozinharmos a carne em água, por exemplo, como a temperatura é mais baixa (inferior a 100ºC), nunca iremos obter aquela camada escurinha, estaladiça e muito saborosa. Também neste caso, nada se perdeu, nem nada se criou, mas houve várias transformações.
E falemos dumas alfaces que comprámos só há dois dias e que já estão com um ar velhinho e todas mirradinhas. Também elas se transformaram. Isto porque as alfaces, mesmo fora da terra, esteve a respirar: a consumir oxigénio. Tal como nós! E foi libertando dióxido de carbono e água. Por isso foi perdendo vários átomos e, como resultado, perdendo alguma da sua massa. É por isso que as guardamos sempre em sacos fechados; para não estarem em contacto com o oxigénio.
Voltando ao: Lavoisier: ele tinha mesmo toda a razão quando disse que “nada se perde, nada se cria; tudo se transforma”. Talvez seja por isso que se considera que é ele o Pai da Química.



[1] foi morto numa guilhotina em 5 de Maio de 1794, na sequência de conflitos decorrentes da Revolução Francesa. Um matemático ilustre desse tempo, Lagrange, lastimou assim sua morte: “Bastou um instante para cortar a sua cabeça, mas cem anos não vão chegar para que surja uma outra semelhante”
[2] estudou a quantidade de carne que deveria ser adicionada às sopas, de modo a que fossem suficientemente nutritivos para os doentes de um hospital de Paris

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