sábado, 5 de março de 2011

O restauro de "A Incredulidade de S. Tomé" - 1

Em 1504 o pintor italiano Cima da Conegliano terminou a sua obra “A Incredulidade de S. Tomé” que está actualmente na National Gallery em Londres e é considerada uma obra prima. 

Olhando para esta pintura é difícil imaginar o seu estado de degradação quando, em 1969, se iniciaram os trabalhos de restauro que duraram 15 anos. Na verdade, pouco depois de ter sido pintado começaram a ser detectados problemas no quadro e os primeiros trabalhos de restauro ocorreram em 1745. A partir daí o quadro continuou a degradar-se e sofreu acidentes, como ter estado mergulhado em água salgada várias horas quando de uma inundação em Veneza, que fizeram com que este se deteriorasse continuamente. Ao longo do tempo tiveram lugar diversas tentativas de o restaurar. Até que em 1870 foi adquirido pela National Gallery e durante cerca de 80 anos evitou-se restaurar a obra, tendo sido feitos apenas tratamentos para impedir que a pintura se continuasse a degradar.
Quando se pinta a óleo sobre painéis de madeira, estes são cobertos com uma substância inorgânica, gesso na pintura em causa. Em 1969 os investigadores concluíram que a degradação se devia essencialmente a problemas de aderência do gesso à madeira, e não da tinta ao gesso, e que a madeira tinha caruncho. Decidiram então transferir a camada de gesso pintada para um outro suporte. Um trabalho complexo se se tiver em conta que o quadro mede 3 m x 2 m e que a camada a transferir tinha uma espessura inferior a 1 mm.
A mudança da pintura do seu suporte de madeira para um novo suporte só foi possível com o recurso a uma série de polímeros orgânicos com propriedades adesivas. Inicialmente cobriram a pintura com camadas de um tecido especial, usando uma resina orgânica como adesivo. Seguiu-se a remoção do painel de madeira de 5 cm de espessura.
Era em seguida necessário fixar a fina camada composta pela pintura e o gesso num novo suporte – uma placa de fibra de vidro fixada a uma estrutura de alumínio. Para tal foram usados polímeros orgânicos sintéticos com propriedades adesivas
500 anos após ter sido pintada, e depois de um trabalho muito minucioso em que se recorreu a um conjunto de materiais fabricados pelo homem, a obra estava finalmente ligada a um suporte estável.
Mas os trabalhos de restauro não ficaram por aqui…

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