sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Como se detecta a diabetes?

As análises de sangue são a forma de detectar a diabetes e avaliar a evolução de um doente com diabetes. O processo mais comum são as análises que determinam a  glicemia em jejum . Esta análises medem os níveis de açúcar no sangue quando a pessoa que a elas se submete passou algumas horas sem comer.

Há outro teste sanguíneo que também é feito nalguns casos, o de tolerância à glucose, que acusa de que forma o corpo responde ao consumo de uma bebida com 75 gramas de açúcar. Duas horas mais tarde, quem não apresenta a doença atinge um pico máximo de glicemia entre 140 mg/dl e 199 mg/dl. Já os diabéticos, que não conseguem metabolizar a glucose, concentram mais açúcar no sangue e aí os valores ultrapassam 200 mg/dl.

Estes exames medem o valor de açúcar no sangue num dado momento. Mas há análises que dão um valor que reflecte a média dos níveis de glucose no sangue nos meses que precederam a análise. Estas análises medem a hemoglobina glicada. Este tipo de hemoglobina resulta da ocorrência de reacções de Maillard, que referimos ontem, entre a hemoglobina e a glucose no sangue. Quanto maior a exposição da hemoglobina a concentrações elevadas de glucose no sangue, maior é a formação dessa hemoglobina glicada.

 imagem retirada DAQUI

A hemoglobina é uma proteína que transporta o oxigénio no sangue para onde ele é necessário para as reacções químicas que decorrem continuamente no organismo. A hemoglobina está nos glóbulos vermelhos e,em casos normais, a tempo médio de vida de um glóbulo vermelho é de cerca 60 a 90 dias. Durante este período, a hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos fica exposta à glucose e,  dependendo da sua concentração, vão reagir entre si de forma espontânea  formando-se assim a hemoglobina glicada - moléculas de hemoglobina ligadas a moléculas de glucose.

Como os glóbulos vermelhos, possuem uma vida útil de dois a três meses, o corpo está constantemente a produzir novos glóbulos vermelhos, para substituir os que são retirados da circulação pelo baço. Em qualquer momento, no nosso sangue existem  glóbulos vermelhos recentes e outros que estão lá há alguns dias ou semanas.  Por isso, o teste da hemoglobina glicada mede hemoglobina nova, de meia idade e antiga, indicando que percentagem da hemoglobina se ligou à glucose nos últimos 3 meses, estando esta relacionada com a concentração de glucose no sangue.

Como esta reacção é irreversível, a hemoglobina glicada permite identificar a concentração média de glucose no sangue durante períodos longos de tempo, ignorando alterações de concentração pontuais. Isto é útil no diagnóstico de diabetes, porque mesmo que o doente se abstenha de consumir produtos que contribuem para aumentar os níveis de glucose nos dias antes da consulta, de forma a esconder a sua situação ou a incorrecta ingestão de alimentos, o valor obtido não reflectirá este facto, mas sim o seu comportamento ao longo do tempo.

Pessoas que não têm diabetes geralmente possuem 5% de hemoglobina glicada. Numa pessoa com diabetes não controlada, o número pode subir até mais de 20%. O objectivo do tratamento de uma pessoa com diabetes será o de  manter o seu valor o mais próximo possível do normal, para evitar as complicações que o alto nível de açúcar no sangue pode causar a longo prazo.

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