Depois
das peças serem moldadas na roda do oleiro, são secas lentamente ao ar e
cozidas. Tradicionalmente a cozedura era feita em Soenga, ou seja, numa
cova pouco profunda, actualmente é em fornos a lenha, mas sempre
reproduzindo as fases do processo tradicional.
O
facto das peças serem negras, resulta da forma como são cozidas e do
tipo de barro usado. Todos os oleiros que visitámos nos referiram a
importância da proveniência do barro. Por pesquisas posteriores que fiz, pensamos que tenha que ser um barro rico em ferro. Este produzirá um
barro vermelho ou castanho com uma cozedura numa atmosfera rica em
oxigénio. Contudo, nos barros de Molelos, na fase final da cozedura é
feita uma obstrução completa do forno para evitar a entrada de ar,
ficando a atmosfera muito deficiente em oxigénio. Neste ambiente
redutor, ocorre uma conversão de óxido férrico - Fe2O3 – que é vermelho, em óxido ferroso - FeO – que é preto.
Antes
do forno ser selado, é ainda introduzida uma madeira resinosa no forno.
A combustão desta, no ambiente deficiente em oxigénio, vai produzir
finíssimas partículas de carbono. Sendo o barro poroso, este vai ficar
impregnando com estas partículas, contribuindo elas também para a cor.
O
aspecto brilhante, um brilho quase metálico, resulta do facto das
peças, antes de serem introduzidas no forno, serem brunidas, ou seja
polidas com um seixo. Tal contribui também para uma certa
impermeabilização destas.
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