O “descafeinado” é mais um bom exemplo da presença da Química no nosso dia a dia.
O primeiro processo para obter o café descafeinado passava por lavar os grãos de café com um solvente orgânico - idêntico aos solventes das tintas e vernizes – que dissolvia bem a cafeína… mas que dissolvia também os compostos que dão aroma e sabor ao café, deixando-o…sem aroma nem sabor! Além disso, havia sempre o perigo da presença de resíduos do solvente nos grãos, com os consequentes efeitos nefastos para quem procurava esta forma supostamente mais saudável do café.
A situação mudou com a descoberta dos fluidos supercríticos e das suas propriedades como solventes.
Explicando melhor, vamos falar das alterações de estado da matéria com a pressão e a temperatura. Por exemplo, à pressão e temperatura ambiente, o dióxido de carbono é um gás, mas com o aumento da pressão pode passar a líquido, e se baixarmos a temperatura passa a sólido. Se aumentarmos a temperatura e a pressão, atinge um novo estado, o de fluido supercrítico – passando a apresentar propriedades de líquido e de gás. Ou seja, um gás com a densidade de um líquido.
Hoje em dia, a cafeína é retirada do café por lavagem com dióxido de carbono supercrítico, em condições em que este dissolve a cafeína, mas não os aromas do café. Quando o café, já descafeinado, regressa à pressão ambiente, todos os resíduos de dióxido de carbono se evaporam. E mesmo que alguns vestígios permaneçam, não representam qualquer problema para a saúde, já que o dióxido de carbono faz parte do nosso metabolismo.
Assim, graças aos desenvolvimentos da Química, os consumidores podem saborear o gosto e o aroma do café sem os efeitos prejudiciais da cafeína.
Episódio da série A Química das Coisas
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